terça-feira, 12 de junho de 2012

As Quatro Chaves da Função Gerencial



 
A  função  gerencial  sempre  foi  focalizada  como  o  ponto  nevrálgico  do desempenho  empresarial.  Isso  foi  no  passado,  é  no  presente  e  continuará sendo no futuro. O sucesso das empresas depende direta ou indiretamente do sucesso  dos  gerentes  em  suas  atividades  internas  ou  externas.  O  trabalho gerencial  é  fundamental na definição  e  alcance dos objetivos  organizacionais, na  formulação  e  implementação  de  estratégias  e  na  realização  da  visão  de futuro da empresa. A condução motivadora das pessoas, a plena utilização da tecnologia  disponível,  o  atendimento  sofisticado  ao  cliente,  o  mapeamento ambiental, a busca  incessante de benchmarks, a varredura da concorrência, o impulso  pela  qualidade  e  produtividade  são  aspectos  que  dependem basicamente  da  atuação  gerencial.  Para  alcançar  seus  desígnios  e  consolidar suas premissas a empresa se fundamenta no trabalho dos gerentes. Estes são os responsáveis pela adequação de toda a base organizacional aos requisitos do negócio  da  empresa.  Todavia,  os  gerentes  são  seres  humanos  sujeitos  a variações  individuais  decorrentes  de  fatores  genéticos  e  de  fatores  de aprendizagem. E é isso que faz a diferença.
Por que  razão alguns gerentes  fazem um  trabalho excelente, enquanto outros mourejam  na mediocridade?  Por  que  alguns  conseguem  visibilidade  e sucesso,  enquanto  outros  ficam  na  escuridão?  Seria  uma  questão  de personalidade? Ou de estilo gerencial? Como explicar o  fato de que em certas situações alguns gerentes se dão bem e outros se dão mal?
Uma pesquisa recente mostrou que talentos humanos e a motivação são aspectos  tópicos e  locais nas empresas onde os gerentes são capazes de criar um excelente lugar para se trabalhar. Ao estudar o melhor lugar para trabalhar, a  pesquisa  revelou  que  alguns  gerentes  –  os  gerentes  excelentes  –  fazem
coisas diferentes da média. Eles se sobressaem dos demais gerentes em quatro aspectos  básicos  e  fundamentais.  Essas  quatro  chaves  da  função  gerencial podem  ser  correlacionadas  com  resultados  da  empresa,  como  lucratividade, produtividade,  segurança,  retenção  e  lealdade  do  cliente.
Os  resultados  são incríveis.
A primeira das quatro chaves dos gerentes excelentes é a capacidade de selecionar  e  escolher  talentos.  Talentos  são  dotados  de  habilidades, conhecimento  e  competências  que  podem  crescer,  impulsionar  e  produzir resultados  igualmente  excelentes.  Gerentes  excelentes  sabem  cercar-se  de pessoas excelentes para o seu trabalho. Eles conseguem selecionar, posicionar e  fazer  crescer  as  pessoas  de  acordo  com  suas  forças  e  potencialidades.
Embora  a  sabedoria  convencional  ponha  forte  ênfase  na  experiência profissional ou no currículo pessoal ou ainda no que as pessoas aprenderam a fazer,  os  gerentes  excepcionais miram  o  potencial  futuro.  Eles  sabem  criar  e formar  uma  equipe  talentosa,  criativa  e  empreendedora.  Como?  Enfatizam  a seleção do pessoal de sua equipe e têm um faro impressionante para o talento e  potencialidade  dos  candidatos.  Sabem  escolher.  Sabem  colocar  as  pessoas nos  lugares certos onde elas  terão mais  futuro. Sabem  treinar e preparar sua equipe  para  dotá-la  das  habilidades  e  competências  necessárias.  Sabem interagir com a equipe. Sabem motivar, reconhecer e recompensar as pessoas pelos  resultados  alcançados.  São  líderes  renovadores  e  não  simplesmente líderes  de  manutenção.
  Isso  significa  saber  buscar,  reunir, integrar, aplicar, manter, desenvolver, motivar e reter talentos em sua equipe.
A  segunda  chave  é  saber  definir  os  resultados  certos  a  serem alcançados. Gerentes excepcionais definem o  trabalho das pessoas em  termos de  metas  e  resultados  desejados,  quanto  cada  pessoa  deve  oferecer  como contribuição  à equipe e  como ela pode afetar positivamente o  cliente. Sabem
negociar  e  consensar  objetivos  e metas  com  seus  subordinados. Mas  sabem também  dotá-los  dos  recursos  necessários  para  tal  empreendimento.  Esses recursos são entendidos como: guia, orientação, transmissão de conhecimento, habilidades, competências, liderança, motivação, reconhecimento, recompensa.
Muita  recompensa.  Gerentes  excepcionais  compreendem  que  o  real empowerment não é apenas uma permissão para que as pessoas façam o que quiserem,  mas  a  liberdade  de  encontrar  sua  melhor  expressão  pessoal  no trabalho. Gerentes excepcionais ajudam e encorajam as pessoas a fazer o que elas pensam que pode ser  feito e então as apóiam para  fazê-lo. Muitas vezes, vão mais além: endossam as pessoas. Isso significa confiar em que as pessoas saberão  encontrar  os meios  para  alcançar  os  objetivos  e  trazer  os  resultados esperados. O seu papel é o de incentivar, alavancar, avalizar, impulsionar e não
controlar ou obstaculizar o comportamento das pessoas. A  terceira  chave  é  o  foco  nas  fortalezas.  Este  é  um  outro  aspecto significativo do trabalho gerencial: saber quais são os pontos fortes e fracos de
seus  subordinados  e  reunir  uma  equipe  cujos  pontos  fortes  reúnam  todas  as competências necessárias e  requeridas para o sucesso do  trabalho. O gerente excepcional tem uma profunda intuição a respeito das forças de cada membro da  equipe  e  sabe  utilizá-las  ao  máximo.  Ele  sabe  avaliar  continuamente  o desempenho  da  equipe  e  redimensioná-lo  para  obter  o máximo  possível.  Ele
consegue  fazer  da  avaliação  do  desempenho  um  instrumento  de  aplicação  e concentração  de  competências.  O  foco  nas  fortalezas  é  fundamental  para  o gerente excepcional conhecer profundamente as potencialidades de sua equipe e utilizá-las ao máximo. Ele é um condutor de talentos. Mesmo com uma equipe média  onde  não  haja  nenhum  grande  expoente,  o  gerente  excelente  sabe
orquestrá-la  e  integrá-la  para  alcançar  o máximo  dela.  Por  outro  lado,  sabe também avaliar os pontos  fracos e nevrálgicos e  incentivar os subordinados a corrigi-los  ou  ultrapassá-los.  Ele  é  um  treinador.  Em  suma,  o  gerente excepcional sabe utilizar plenamente os recursos pessoais de sua equipe, bem
como  corrigir  suas  inadequações  e  fraquezas.  Isso  requer  alta  dose  de percepção humana.
A quarta  chave é buscar a adequação  correta dos  três aspectos acima.
Trata-se da mistura do bolo, da sintonia  fina ou de compor o conjunto ótimo.
Isso  significa  criar  uma  cultura  de  excelência  e  desenvolver  na  equipe  uma mentalidade de sempre se aperfeiçoar e melhorar continuamente. Saber reunir talentos, definir resultados certos e focar as forças e competências disponíveis.
Essa é a adequação correta. Gerentes excepcionais conseguem fazer essas três coisas  juntas  de modo  que  cada  uma  delas  promova  e  impulsione  as  outras.
Eles conseguem criar e promover uma cultura onde as pessoas são escolhidas pelo  seu  talento,  motivadas  pela  tarefa  que  executam  e  incentivadas  pelos resultados que alcançam. O papel de cada pessoa decorre de suas fortalezas e competências  pessoais.  Assim,  as  pessoas  são  avaliadas  pelas  suas
contribuições tanto à equipe, como ao cliente ou à empresa como um todo. Um verdadeiro  círculo  virtuoso  que  se  caracteriza  pelo  reforço  positivo  do desempenho  excelente  através  do  reconhecimento  e  recompensa  pela contribuição  de  cada  um.  Isso  requer  um  contínuo  balanço  entre  exigir  e conceder,  entre  cobrar  e  pagar,  entre  impor  desafios  e  promover  o reconhecimento e recompensa pelo sucesso alcançado.
As  quatro  chaves  da  função  da  gerência  requerem  alta  dose  de coerência.  Cada  uma  delas  deve  ser  visualizada  no  conjunto  sob  o  ponto  de vista  comportamental  e  financeiro.  Vamos  explicar melhor.  As  quatro  chaves melhoram o desempenho das pessoas pelo  fato de influenciar positivamente o
seu comportamento. E o comportamento excepcional traz resultados financeiros para  a  empresa  e,  em  decorrência,  para  as  pessoas  que  nela  trabalham,  se houver  reconhecimento  e  recompensa  para  tanto.  Daí,  a  necessidade  de coerência e  integração: cada uma das chaves afeta as demais e os  resultados comportamentais e financeiros decorrentes devem servir como reforço positivo para  que  as  pessoas  se  esforcem  por melhorá-los  cada  vez mais. O  gerente excepcional premia e  recompensa  financeiramente o desempenho excepcional de seus subordinados. E ele também deve participar dessa recompensa. Tanto sob o aspecto comportamental quanto financeiro. Isso custa caro às empresas?
Certamente não representa nenhum custo adicional. Muito pelo contrário.
Um meio seguro de agregar valor ao negócio das empresas.
E como começar a rodar esse sistema dentro da empresa? Sem dúvida, começando  pelos  gerentes.  Aplicando  as  quatro  chaves  na  própria  função gerencial. E quem deve fazê-lo? O executivo maior da empresa. Afinal, a função gerencial  sempre  foi  focalizada  como  o  ponto  nevrálgico  do  desempenho
empresarial.

* Idalberto Chiavenato 
Disponível no site do Instituto Chiavenato 
Endereço: http://www.chiavenato.com/artigos/exibe_artigo.asp?id=46 

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